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  • Foto do escritordr Lauro Matos de Almeida

QUAIS SÃO OS RISCOS DA CIRURGIA DA TIREOIDE?

Não é fácil receber a notícia de que se precisa fazer uma cirurgia. É esperado que nossa primeira reação seja ter medo do procedimento, principalmente se não soubermos muito bem como ele é ou quais os riscos a que estamos expostos. A principal pergunta que surge nessa hora é: " A cirurgia da tireoide é perigosa?".


Neste artigo, comento sobre os riscos associados com a cirurgia da tireoide e destaco os dois principais (hipocalcemia e rouquidão). Além disso, falo também sobre os riscos relacionados especificamente com a cirurgia endoscópica da tireoide (TOETVA).


Quais são as possíveis complicações da cirurgia da tireoide?



Sangramento e infecção

Sangramento e infecção são riscos que se associam a praticamente qualquer cirurgia. No caso da cirurgia da tireoide, quando essas duas complicações vêm, é muito provável que a pessoa precise fazer uma nova abordagem cirúrgica para resolver o problema.


No caso do sangramento, o mais comum é que ele aconteça imediatamente após a cirurgia, antes mesmo da pessoa sair do centro cirúrgico para o quarto. Já a infecção acontece de forma mais tardia, alguns dias após a alta.


Felizmente, o risco de acontecer um sangramento após a cirurgia é bastante baixo. E nas cirurgias da tireoide convencionais a chance de infecção é raríssima.


Hipocalcemia

A hipocalcemia (nome técnico que se dá para a queda do cálcio do sangue) tem forte relação com a tireoidectomia total. Essa queda do cálcio acontece devido à manipulação das glândulas paratireoides, que são quatro pequenas glândulas que ficam grudadas na tireoide.


Quem opera da tireoide e apresenta o problema da queda da cálcio, começa a sentir um formigamento ao redor dos lábios e nas pontas dos dedos das mãos e dos pés. Junto com esse formigamento, surgem também cãibras que afetam principalmente as mãos e as pernas. Algumas pessoas sentem um mal-estar tão intenso, que precisam voltar ao hospital para se internar novamente.


O mais comum é que o cálcio do sangue tenha uma queda transitória até 72 horas depois de uma tireoidectomia total, e em seguida retorne ao normal. Contudo, o cálcio pode continuar baixo por muito tempo depois da cirurgia, isso acontece em uma minoria das pessoas.


Quer saber mais sobre o assunto? Assista ao vídeo abaixo:




Rouquidão

A rouquidão é provavelmente a complicação mais conhecida da cirurgia da tireoide. Durante a cirurgia, o cirurgião de cabeça e pescoço precisa identificar e separar da tireoide os dois nervos da voz (que nós cirurgiões chamamos de nervo laríngeo recorrencial), e este nervo é o principal envolvido na produção da voz e na deglutição. O grande problema é que em uma pequena quantidade de pessoas, a manipulação deste nervo faz com que ele perca sua função.


As pessoas que têm perda de função do nervo laríngeo recorrencial, acordam da cirurgia com a voz soprosa, as vezes quase como um sussurro, e engasgam na hora de engolir líquidos ralos (como água, por exemplo). Quem apresenta esses problemas depois da cirurgia da tireoide, precisa avaliar a função das cordas vocais e também ser acompanhado por um fonoaudiólogo.


Infelizmente pode ocorrer de a rouquidão ser permanente, mas com a ajuda do fonoaudiólogo a tendência é que a voz vá se fortalecendo. Com essa medida, depois de algum tempo da cirurgia a maioria das pessoas melhora da rouquidão.


Falta de ar

Certamente a falta de ar no pós-operatório da cirurgia da tireoide é a complicação mais temida, mas também é extremamente rara. Ela acontece quando há perda de função nos dois nervos da voz. Em uma situação como esta, a pessoa acorda da cirurgia com dificuldade para respirar, e as vezes a única alternativa capaz de melhorar a respiração é fazer a cirurgia da traqueostomia (na qual é colocado um pequeno tubo para respiração pelo pescoço).


De todas as cirurgias da tireoide que já participei, conto nos dedos os pacientes que evoluíram com esse problema de falta de ar, e o que todos tinham em comum era o fato de se tratar de cânceres avançados da tireoide, o que muitas vezes aumenta o risco de problemas no nervo da voz.


Riscos específicos da TOETVA

A tireoidectomia endoscópica é uma técnica relativamente recente, e tem ganhado popularidade entre os pacientes. Ela permite a retirada da tireoide com cortes feitos por dentro da boca, sem deixar cicatriz aparente no pescoço.


Apesar da vantagem de não deixar cicatriz, a TOETVA traz um custo a mais em termos de complicações, já que existem alguns riscos relacionados especificamente com a técnica endoscópica, que não acontecem na cirurgia tradicional da tireoide.


É muito comum no período pós-operatório o paciente se queixar de dor na região do queixo. Essa é a região que precisa ser dissecada para que o cirurgião consiga acessar a tireoide no pescoço. Por outro lado, existem pacientes que em vez de dor, se queixam de dormência nessa mesma região. Essa queixa tem relação com a função do nervo mentoniano, que as vezes é lesado de forma permanente na cirurgia endoscópica.


A cirurgia endoscópica carrega consigo um risco maior de infecção. Por essa razão, é preciso que o paciente faça uso de antibiótico no período imediatamente antes da cirurgia e também por algum tempo do pós-operatório. O risco maior de infecção surge pois o acesso à tireoide passa a ser feito pela boca, um local naturalmente contaminado, em vez do acesso diretamente pelo pescoço, que via de regra é um acesso cirúrgico limpo.


O mais importante: como evitar as complicações

Nessa altura, você deve estar se perguntando como evitar esses problemas relacionados com a queda do cálcio do sangue e com a rouquidão. Infelizmente, essas complicações que falei pra você podem aparecer mesmo que todos os cuidados possíveis sejam tomados, mas nem por isso vamos deixar de seguí-los.


A rotina que sigo com todos os meus pacientes que fazem a cirurgia da tireoide, é de acompanhar o nível do cálcio do sangue no pós-operatório e fazer a reposição de cálcio com comprimidos em casa se os exames mostrarem essa necessidade, praticamente todos os pacientes se salvam de ter os sintomas da hipocalcemia com essa medida.


Um estudo científico demonstrou que cirurgiões com maior volume de cirurgias da tireoide apresentam também menor taxa de complicação dessas cirurgias. Portanto, é importante que na hora de buscar um cirurgião para realizar a sua cirurgia da tireoide, você garanta que ele é um cirurgião de cabeça e pescoço treinado na especialidade.


Como saber se o cirurgião tem experiência para a cirurgia?

Pesquise no site do CRM de seu estado o cadastro do seu cirurgião e veja se ele tem o registro de qualificação de especialista (RQE) em cirurgia de cabeça e pescoço. Veja também se ele faz parte do quadro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).


Espero ter te ajudado!




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Dr. LAURO MATOS DE ALMEIDA

Cirurgião de Cabeça e Pescoço

Membro do grupo de cabeça e pescoço da CLION

Preceptor da UFBA - HUPES

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